sábado, 23 de fevereiro de 2008


A solidão


A solidão é um sentimento que eu procuro não chegar a sentir. Eu tenho muito medo deste, porque eu não gosto nada de estar sozinha neste mundo tão grande. Sem estar, falar, contactar, viver, com alguém, eu enlouquecia!
Isto não quer disser que não possa ser independente, mas uma vida sem amigos, uma pessoa para partilhar algo, guardar os segredos, uma grande paixão, não é nada.
Será que é possível alguém conseguir viver sem tudo isto? Eu penso que não, e quando penso nos pobres mendigos que nada têm, os órfãos que ficam desamparados, e todos os outros fico feliz por ter amigos, um amor, uma família, pessoas que dependem de mim e eu delas.


Como eu vivi a sexta-feira de Carnaval


O meu primeiro Carnaval na Escola António Arroio foi na sexta-feira, dia 1 de Fevereiro. Neste dia acordei às sete da manhã para ter tempo de tomar banho, vestir-me e arranjar as coisas para levar para a casa da Bárbara, o local combinado para nos arranjar. Apanhei o barco das 8:30 para chegar a Lisboa por volta das 9:00.
Ás 9:30 já estava em casa da Bárbara, com a Daniela e começámos a arranjar-nos. Entretanto chegou o Hugo, para se arranjar também. A Daniela era a maquilhadora de todos, mas a Bárbara fez um acto de loucura a maquilhar o pobre do Hugo, nem parecia ele, a sorte é que eu cheguei a tempo e remendei.
A Sara, o Sérgio e a Raquel também foram ter lá a casa para se arranjar. Ao meio-dia o desespero e a ansiedade instaurou-se naquela casa, eu fiquei muito aflita, pois via o tempo a passar e nós não estávamos prontos. O mais difícil para mim foi colocar as pestanas falsas.
Conseguimos sair de casa ao meio-dia e vinte já todos mascarados. Eu, a Daniela, o Hugo e a Bárbara éramos uma família, uma espécie de família Adams, mas à nossa maneira, eu era a filha mais velha, a Daniela a mais nova, o Hugo e a Barbara eram os pais. O meu fato era um vestido preto, branco e verde, tinha por cima um casaquinho e uma encharpe, umas luvas sem dedos, por baixo umas legins, ou melhor o que restavam delas pois rasguei-as. Levava calçados uns ténis. Na cabeça a peruca, nos olhos pintados de negro as pestanas verdes, os lábios pretos, ao pescoço levava um colar com uma cruz. A Sara e o Sérgio estavam á mimos e a Raquel á Cancan.
A nossa saída foi triunfante, todas as pessoas olhavam para nós, e eu adorei isso. A chegada á porta da escola surpreendente pois vi máscaras, muito engraçadas e criativas, e pela quantidade de pessoas que estavam ali a apoiar a escola, era espectacular.
A partida do desfile deu-se um pouco depois do meio-dia e meia. Quando este começou encontrámos mais alunos do 10ºF: o João, de Egas Moniz; a Rute, a Joana e a Mónica, as mecânicas; a Teresa, a Leonor, a Sara Paulo e a Teresa, as mulheres das cavernas; a Mariana e a Miriam a múmia e a diabo, respectivamente.
Já estávamos muito animados, e andávamos aos pulinhos e aos saltinhos.
Andámos ás voltinhas por Lisboa, passámos pela Coronel Ferreira do Amaral, depois Alameda D. Afonso Henriques, Av. Almirante Reis e no início não estávamos em grande agitação mas a partir desta rua o nosso ânimo foi aumentando, pelo menos o meu. Neste dia estava muito animada e dada para brincadeiras, não conseguia parar. Seguimos pela rua Pascoal de Melo, Rua Almirante Barroso, Av. duque de Loulé, Av. da Liberdade, a união das pessoas a apoiar a escola aumentava, Praça dos Restauradores, Praça do Rossio, Rua do Carmo, Faculdade de Belas Artes, Calçada de S. Francisco, na Praça do Comércio a festa atingiu o auge. Toda a multidão unida para apoiar e venerar a escola, todos gritavam, batiam palmas, e saltavam, tudo em harmonía.
Na Av. da Liberdade o nosso grupo separou-se, mas a alegria, a união, o espírito manteve-se, aquele espectáculo de fogo e a música dos tambores também ajudaram. Eu estava a delirar e a adorar, porque estava tudo em harmonía parecíamos um só. Para chegarmos ao Terreiro do Paço, a Daniela, a Bárbara e eu tivemos que correr pois separámo-nos do grupo.
Já no Terreiro do Paço conseguimos reencontrar-nos todos; a associação de estudantes teve a brilhante ideia de mandar pacotes de batata frita para a multidão de alunos esfomeados. A Bárbara conseguiu apanhar um pacote, mas estávamos tão famintos que nada saciou a nossa fome.
Foi então que, sem ligarmos às nossas roupas, decidimos ir comer ao Mcdonalds do Rossio. Depois do almoço voltámos à casa da Bárbara para arrumarmos a confusão que tínhamos feito ao vestirmo-nos e alguns aproveitaram para se desmaquilhar e despir, mas eu, a Sara e o Sérgio, em vez disso, ainda nos arranjámos mais, retocando a maquilhagem.
E lá fomos nós por volta das 5 da tarde para apanharmos o barco das 5:30.
Quando cheguei a casa fui contar o desfile á minha irmã, que estava muitíssimo espantada porque não sabia como é que eu estava vestida, nem ela, nem ninguém e adoro como eu estava.
Para terminar o dia, eu e a minha família fomos jantar fora, como é habitual ás sextas-feiras. Nesse restaurante estava também a jantar a Presidente da Câmara do Montijo, foi muito interessante.
O jantar decorreu alegremente, em animada conversa, mas, sem dúvida que o mais engraçado foi contar á minha família a minha grande aventura.
Eu adorei o Carnaval, o desfile foi um máximo, porque nesse momento, consegui perceber a união, o espírito da nossa grande escola António Arroio.



Quem sou eu??


Esta é uma boa pergunta, a que não sei muito bem responder, mas que vou fazer os possíveis para tal.
Eu sou uma rapariga, tenho os meus gostos, os meus defeitos, os meus amigos e inimigos...
Tenho 15 anos e por vezes gostava de ser mais velha, mas a vida deve-se aproveitar a cada minuto ou mesmo segundo. Nunca devemos achar que a vida é o tempo que quisermos porque pode ser só 2 dias. Por isso há que aproveitá-los ao máximo.
Tenho alguns amigos, e não preciso de mais, porque os que eu tenho podem não ser muitos mas são verdadeiros. E de que é que vale ter amigos que só são por interesse? Mas há sempre lugar para mais uns na minha vida.
Comigo tudo depende do meu estado de espírito, se estou feliz, sou bastante simpática, estou sempre a falar , ninguém me consegue fazer parar, é preciso muita coisa grave para o fazer, também sou muito mexida, irrequieta, viva, por assim disser.
Quando estou tristonha, embora isso não aconteça com muita frequência, fico muito pouco social e calada; quem me conhece bem já sabe do meu estado de espírito pois é das poucas ocasiões em que não me apetece falar.
Zangada...bem, quando estou zangada sou impossível de aturar.
Lá no fundo até sou mesmo é chata.


segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

VALVERDE DEL FRESNO

A cerejeira o muro
uma criança canta
contemporânea apenas
das águas lentas.

É verão onde canta
de ramo em ramo
ou pedra
em pedra essa criança?

Diz-me diz-me
branca cereja branca.

Eugénio de Andrade, Poesia e Prosa [1940-1986]